Música e Cuidado: A Relação Transformadora na Saúde Mental dos Idosos

Desde pequeno, sempre fui fascinado pela relação do meu avô com a música. Ele tinha um radinho de pilha que carregava para todos os lados e, sempre que tocava uma canção antiga, seus olhos brilhavam. Eu não entendia muito bem na época, mas hoje sei que a música era muito mais do que um passatempo para ele – era uma conexão com o passado, com sua juventude e com as pessoas que ele amava.

Conforme meu avô foi envelhecendo, percebi que ele começou a ficar mais quieto e introspectivo. A memória falhava às vezes, e algumas conversas pareciam mais curtas. Mas foi a música que trouxe de volta o brilho no olhar dele. Isso me fez enxergar como a música pode ser uma ferramenta poderosa no cuidado com os idosos, especialmente para a saúde mental.

Neste artigo, quero compartilhar um pouco do que vivi com ele e seus amigos, e como pequenos momentos musicais fizeram uma grande diferença no bem-estar deles.

O Envelhecimento e os Desafios para a Saúde Mental

Envelhecer pode ser um processo lindo, mas também pode trazer desafios. Vi isso de perto com meu avô e seus amigos. Alguns deles lidavam com a solidão, outros com a perda de autonomia e alguns começaram a enfrentar problemas de memória, como o Alzheimer. Isso muitas vezes gerava ansiedade e desânimo.

Certo dia, em uma visita à casa do meu avô, vi que ele estava diferente. Ele parecia distante, como se estivesse preso em um mundo próprio. Foi quando decidi colocar uma música que ele adorava, um samba antigo que costumava tocar nas festas de família. Em poucos segundos, ele começou a cantarolar e bater os pés no ritmo. Aos poucos, a música o trouxe de volta para aquele momento comigo.

Foi aí que entendi: a música não é apenas som. Ela é memória, emoção e um resgate daquilo que muitas vezes parece perdido.

Como a Música Atua na Saúde Mental dos Idosos

Depois desse dia, comecei a pesquisar mais sobre como a música afeta o cérebro. Descobri que ela ativa regiões ligadas à memória, emoção e prazer. Isso explica por que meu avô e seus amigos se animavam tanto quando ouviam canções do passado.

O que percebi na prática:

🎵 A música acalma: Um dos amigos do meu avô, o Seu Jorge, tinha crises de ansiedade. Sempre que isso acontecia, sua esposa colocava uma música suave, e ele rapidamente relaxava.

🧠 Melhora a memória: Quando tocávamos músicas antigas, o meu avô se lembrava de histórias da juventude com uma clareza impressionante. Era como se a música abrisse um baú de memórias que estavam guardadas há muito tempo.

👥 Estimula a socialização: Quando sugerimos fazer uma tarde musical no asilo onde alguns dos amigos do meu avô moravam, foi incrível ver como eles se conectaram. Pessoas que quase não interagiam começaram a conversar e até dançar.

🩺 Ajuda no tratamento da demência: Conheci uma senhora chamada Dona Lurdes que tinha Alzheimer. Quando sua filha começou a cantar músicas que ouviam juntas quando ela era pequena, Dona Lurdes sorriu e até tentou cantar junto. Foi emocionante.

Terapia Musical e Abordagens Práticas

Eu achava que só colocar uma música para tocar já era suficiente, mas com o tempo percebi que existem maneiras mais eficazes de integrar a música no dia a dia dos idosos.

O que eu e minha família fizemos:

🎶 Criamos playlists personalizadas: Perguntei ao meu avô quais músicas marcaram sua vida e fiz uma playlist no celular. Sempre que ele ficava triste, colocávamos as músicas e, rapidamente, o humor dele mudava.

🎸 Tocamos instrumentos juntos: Meu primo tem um violão, e sempre que íamos visitar o vovô, fazíamos uma pequena roda de música. Era um momento especial, onde todos cantavam e riam juntos.

🕺 Incentivamos a dança: O Seu Manuel, amigo do meu avô, adorava dançar forró. Sempre que tocava um baião, ele pegava a esposa pela mão e rodopiava pela sala. Ver essa alegria era impagável.

😌 Usamos a música para relaxar: Antes de dormir, colocávamos músicas calmas para o vovô. Isso ajudava a reduzir a agitação e melhorava a qualidade do sono dele.

🎤 Fizemos um “karaokê nostálgico” no asilo onde alguns dos amigos dele moravam. Foi uma experiência incrível ver todos cantando e revivendo lembranças.

Como Integrar a Música no Cuidado Diário dos Idosos

Depois de ver tantas mudanças positivas, percebi que a música precisava estar no dia a dia do meu avô e de seus amigos. Se você tem um idoso na família, aqui estão algumas formas simples de fazer isso:

🎧 Monte uma trilha sonora afetiva – Escolha músicas que marcaram a vida dele e crie uma playlist no Spotify ou YouTube.

🎤 Cante junto – Mesmo que você não tenha uma voz afinada, cantar juntos pode ser um momento de conexão e carinho.

💃 Incentive o movimento – Dançar, mesmo sentado, já traz muitos benefícios para a saúde e o humor.

🛏 Use a música para relaxar – Sons suaves podem ser um ótimo aliado para momentos de descanso.

Considerações Finais

Se tem algo que aprendi com meu avô, é que a música tem um poder transformador. Ela não cura doenças, mas pode aliviar sintomas, despertar memórias e trazer alegria para o dia a dia.

Se você tem um avô, uma avó ou conhece um idoso que ama música, experimente trazer isso para a rotina dele. Você pode se surpreender com as reações e com os momentos incríveis que essa simples atitude pode proporcionar.

Agora me conta: você já viu a música transformar a vida de alguém que você ama? Compartilhe sua história nos comentários! 🎶💙

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